NAVARRO, Mariana Stoeterau; PRODOCIMO, Elaine. Brincar e mediação na escola. Rev. Bras. Ciênc. Esporte [online]. 2012, vol.34, n.3, pp. 633-648. ISSN 0101-3289. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbce/v34n3/v34n3a08.pdf>. Acesso em 05 Mar. 2014.
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RESUMO: o artigo
busca refletir sobre três formas de mediação do brincar a partir de uma
pesquisa qualitativa em uma turma de Ed. Infantil.
As
autoras chamam
a atenção para a cultura “adultocêntrica”, que não reconhece a
importância da
brincadeira na infância, impondo hábitos que contrariam a brincadeira
que, inclusive, é um direito
das crianças. Considerando as diferenças geracionais e situacionais das
brincadeiras, baseiam-se em Brougère e Vigotsky para
pensar a
brincadeira como ato subjetivo, livre e criada a partir de uma situação
imaginária. Para Brougère, a brincadeira não é inata, é aprendida no
contexto
social. Para Vigotsky, o brinquedo: proporciona a satisfação de desejos
que não
podem ser imediatamente satisfeitos; cria uma zona de desenvolvimento
proximal
na criança, ou seja, o brinquedo serve de mediador entre a zona de
desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento potencial; ajuda a
criança a
desenvolver o pensamento abstrato porque tem um significado específico
para ela, que vai além do que ela vê. Brougère defende que há dimensão
pedagógica
na brincadeira, mas também que há a incerteza, ou seja, não é possível
planejar
intervenções pedagógicas nas brincadeiras de modo preciso. Para
Vigotsky, a
utilização de signos e a mediação (relação) diferenciam o homem dos
demais animais e, quando pedagógica, a mediação é intencional, explícita
e está
presente não apenas na interferência do professor em uma atividade mas
na
atividade docente como um todo. Inclusive, o próprio ambiente escolar
deve ser
propício para incentivar a brincadeira. Após descrever a sala de aula,
as
autoras apresentam três situações distintas de mediação, registradas,
relatadas
e analisadas: preparação do contexto (sem intervenção da professora); o
uso de
pistas (com intervenção da professora para lançar um desafio para as
crianças);
participação conjunta (a professora participa da brincadeira). Sobre a
primeira
situação, Vigotsky diz que preparar o ambiente para brincadeiras
significa antecipá-la, criando a zona de desenvolvimento proximal. Na segunda situação, Wajskop reconhece a importância do
adulto para
observar e organizar as brincadeiras ou para questionar e enriquecê-la.
Já a
terceira situação foi planejada e dirigida pela professora, o que
pareceu
motivar bastante as crianças. Segundo Brougère, a função do educador é
justamente essa durante as brincadeiras: preparar o ambiente para que
aconteçam. Para Vigotsky,as brincadeiras, em sua maioria, são
compostas por
lembranças vivenciadas pelas crianças que, ao imitarem os adultos e as
situações que eles vivenciam, internalizam conceitos e inserem-se no
mundo em
que vivem. preparar o ambiente para brincadeiras
significa antecipá-la, criando a zona de desenvolvimento proximal. As autoras destacam, então, a manutenção da
liberdade na brincadeira e questionam se a formação docente tem dado a devida
importância para esta atividade. Levantam também a importância do brincar
mediado pelo professor de Ed. Física, uma vez que a expressão
corporal é trabalhada como linguagem. Por fim, destacam que a forma de mediação pode fazer
toda a diferença.