terça-feira, 17 de junho de 2014

Brincadeiras livres (2)



A atividade lúdica na escola é vista como forma de promover o desenvolvimento da criança nos aspectos físico, verbal e intelectual. Nas aulas de Ed. Física, Capoeira e Dança, as crianças participam de brincadeiras que envolvem o corpo. Além disso, no recreio as crianças jogam futebol, sobem nas árvores, correm pelo pátio, escalam as grades, ou seja, brincam livremente e desenvolvem vários tipos de movimento, percepção do próprio corpo e aprendem a superar dificuldades naturalmente.

Quando as crianças brincam com adultos, todos estão participando do jogo e as relações de poder não se estabelecem: todos estão submetidos às mesmas regras.

Os professores valorizam bastante a brincadeira livre, mas isso não quer dizer falta de mediação. A própria organização do espaço físico e do tempo favorece a brincadeira.

Percebe-se que as crianças de 2 e 3 anos gostam de brincar de desenhar, de fazer montes com a areia, carregar a areia de um lugar para o outro, encher buracos de areia com água. Já as crianças de 4, 5, 6 e 7 anos planejam a construção de locais e objetos de areia, muitas vezes misturando seus próprios brinquedos com os construídos na areia. Além disso, crianças no último ano da Ed. Infantil e no Ensino Fundamental gostam de jogar jogos de tabuleiro, estratégicos e de percurso. Gostam muito também de brincar de faz-de-conta com objetos de uso cotidiano e com brinquedos de séries de TV, filmes e desenhos animados.

A escola é construtivista e sócio-interacionista, o que define sua base filosófica. Tem como referenciais teóricos Piaget, Vygotsky, Constance Kamii, entre outros. Neste sentido, os professores atuam como facilitadores, sabem passar a informação para os alunos e fazem intervenções adequadas (por exemplo, apresentação de desafios). Segundo Bomtempo (1999, p. 3), a orientação filosófica da escola é fator a ser considerado até mesmo porque determina a relação dos professores com as brincadeiras.

Na escola, percebe-se que os pais brincam com as crianças da Educação Infantil. No Ensino Fundamental, os pais estão mais preocupados com o aprendizado de conteúdo, pouco ou nada se importando com o espaço para brincadeiras na escola. 

Há relatos de pais, na Ed. Infantil, que pediram para a escola trabalhar conteúdos, mas a escola não cobra conteúdo das crianças de 2 a 5 anos. Neste período, como o Projeto Pedagógico mesmo diz, para crianças de 2 e 3 anos o foco é na interação com o outro e na formação de hábitos. Já para crianças de 4 e 5 anos, o foco é a construção da identidade, a socialização e o letramento. Neste sentido, o letramento é a capacidade de perceber a utilização da linguagem nas suas diversas formas, tanto escrita como falada, desenhada, etc. A Matemática não significa fazer contas, mas desenvolver o raciocínio lógico-matemático. Além disso, é dada igual importância para o Movimento, para o Conhecimento de Mundo e para o desenvolvimento da Sensibilidade Artística.

No Ensino Fundamental, quando começa a alfabetização em Língua Portuguesa e Matemática, além da apropriação de conhecimentos sobre Ciências da Natureza, História e Geografia, ainda assim as crianças tem oportunidades de brincar bastante e de transformar os conteúdos aprendidos em jogos e brincadeiras para ler, escrever e fazer contas. Para tanto, as professoras escolhem as melhores formas de mediação.


REFERÊNCIAS

BOMTEMPO, Edda. Brinquedo e educação: na escola e no lar. Psicol. Esc. Educ. (Impr.) [online]. 1999, vol.3, n.1, pp. 61-69. ISSN 1413-8557. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v3n1/v3n1a07.pdf>. Acesso em 06 Mar. 2014.