segunda-feira, 2 de março de 2015

Fichamento de citação - Ensaios Construtivistas - Lino de Macedo

MACEDO, Lino de. Ensaios construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994. 170 p.
_____________________________________________________________


Tematizar é [...] reconstruir em um nível superior aquilo que já realizamos em outro nível. Tematizar é construir um novo conhecimento, para um velho e ignorado saber, reduzido à sua boa ou má função instrumental. p. 16

A visão não-construtivista do conhecimento é ontológica.Ou seja, parte-se de algo cuja existência já está minimamente constituída como objeto a ser conhecido. p. 17

A intuição corresponde à necessidade e à possibilidade de, com algumas informações (por intermédio de algo incompleto, parcial), darmos forma a alguma coisa. p. 28

Quem diz gênese, compromete-se com a narrativa, com os acontecimentos articulados em seu eterno antes e depois. Nessa perspectiva interpretamos nossas ações, não só pelos objetos ou acontecimentos que produzem, mas igualmente pela memória associada a essas produções, por aquilo que nunca mais iremos esquecer (ainda que inconscientemente). p. 29

[...] quando algo adquire o estatuto de objeto, ou de conceito, é porque adquiriu independência, pôde ser isolado das ações que o produziram, ganhou autonomia. p. 29

Em uma escola mais construtivista a cópia não morreu, mas foi ressignificada como trabalho de pesquisa ou aperfeiçoamento. Para o aluno sempre será importante copiar algo que valoriza. p. 36

"... O equilíbrio liga-se, pois, antes a um sistema de atos virtuais do que a uma situação... Além disso, se elas (as realizações virtuais) definem um equilíbrio, é que representam transformações anuláveis por transformações inversas; toda operação num sistema de equilíbrio supõe, ou pelo menos invoca, uma operação associada que a compensa. Tal é o sentido da reversibilidade..." p. 40 (citação de De Granger (1974), Filosofia do Estilo.

A postura do professor construtivista é experimental porque se trata de dar aulas como um projeto de trabalho, em que os conhecimentos são aprofundados e ampliados, em que se aperfeiçoam as formas anteriores de ensinar. Experimental porque há um espírito de novidade, de criatividade, de ir mais a fundo, porque há interesse, gozo na produção do conhecimento; mas, ao mesmo tempo, há sistematização, há transmissão, há compromisso com o que se sabe sobre os conteúdos, há conservação das experiências passadas. Ou seja, o espírito experimental do professor é seu compromisso com o futuro, no presente da sala de aula. O espírito transmissivo, igualmente, é seu compromisso com o passado no presente, comas coisas que não se podem esquecer. E isso o leva à necessidade contínua de um melhor conhecimento, ou uma constante atualização com respeito aos conteúdos escolares, junto com uma correspondente consideração das características do desenvolvimento e da aprendizagem de seus alunos. E, além disso tudo, pode-se acrescentar mais uma outra necessidade: coordenar todos esses pontos de vista com uma educação comprometida com a cidadania das crianças. p 60-61.

O pré-formismo corresponde à ideia de que o conhecimento expressa-se por revelação. p. 66

No construtivismo o problema é o da invenção e da descoberta, nos quais erro e acerto são inevitáveis, fazem parte do processo. Não em um sentido de rigor ou complacência excessiva, mas como aquilo com que temos que lidar. p. 67

Justaposição é o fato de a criança colocar lado a lado, mas sem vínculo ou articulação, a resposta dada na primeira situação (duas bolinhas) e a que dá em seguida, quando transforma uma bolinha em salsicha. p. 71

[...] entender a pergunta é, de certa forma, possuir uma parte da resposta. p. 72

O plano da compreensão é o do domínio da estrutura, do sistema que regula a ocorrência de um certo fenômeno. p. 74

[...] em nome do construtivismo, há professores ou escolas que defendem uma avaliação tolerante com o domínio de conteúdos, como se essa epistemologia só aceitasse uma avaliação na perspectiva das possibilidades cognitivas da criança. p. 101

Assimilação é o processo pelo qual o sujeito incorpora o objeto às suas estruturas. Pegar, andar, classificar, ordenar, qualquer ação, enfim, são formas de assimilar. Ocorre que, em maior ou menor grau, assimilar implica ajustar a ação às características dos objetos. Esse ajustamento ou acomodação, como diz Piaget, é, portanto, um processo complementar ao da assimilação e indica que, da mesma forma que o sujeito incorpora o objeto às suas estruturas, estas se ajustam às características do objeto, isto é, modificam-se. Sem a acomodação correspondente, a assimilação é impossível. p. 146


Do ponto de vista do sujeito, uma regulação é, portanto, uma reação à perturbação. p. 149