Durante
o estágio tenho a oportunidade de participar do Projeto de Educação
Matemática, realizado na escola sob a supervisão de uma profissional que
coordena o projeto dentro da perspectiva construtivista do conhecimento
e com a participação de toda a equipe do 1º Ciclo. As atividades do Projeto acontecem toda segunda-feira, das 14:00 às 15:30 h.
A organização dos grupos matemáticos ocorreu em fevereiro. As
turmas todas do 1º Ciclo: 6, 7 e 8 anos foram reunidas e reorganizadas
em quatro novos grupos com todas as faixas etárias misturadas. Como a
escola funciona por ciclos, o critério para a organização dos grupos é
uma avaliação diagnóstica. Esta avaliação não é uma prova mas uma
coletânea de atividades apresentadas durante um período e que esclarecem
para os educadores quais conhecimentos os alunos já tem e quais
precisam ser aprendidos. Por exemplo, propriedades como conservação,
reversibilidade, inclusão hierárquica, ordem, etc.
As atividades realizadas são jogos matemáticos, que exploram o lúdico como recurso para a alfabetização matemática.
O referencial teórico adotado é o construtivismo, tendo como principal referência a pesquisadora Constance Kamii.
Venho acompanhando sempre o mesmo grupo durante o semestre e desde
março foram várias as atividades desenvolvidas: aprendizagem do desenho
dos números; medição da altura de cada aluno e comparação (tamanho e
registro numérico); contagem de números de dois e três dígitos a partir
da altura dos alunos em caderno quadriculado com cada quadrado
representando uma unidade.
No dia 14 de abril teve início a criação dos jogos de trilha. Para tanto, as crianças jogaram diversos jogos de trilha a fim de se familiarizarem com a dinâmica do jogo.
No dia 14 de abril teve início a criação dos jogos de trilha. Para tanto, as crianças jogaram diversos jogos de trilha a fim de se familiarizarem com a dinâmica do jogo.
No
dia 28 de abril, os alunos começaram a construir seu próprio jogo de
trilha. Neste dia os alunos se subdividiram em quatro grupos para
escolher o tema do jogo e formular cinco regras cada grupo. Os temas
escolhidos foram os seguintes: Doces, Mar, Animais e Horas.
Quando as crianças definem um tema, elas criam uma possibilidade de agrupamento. Neste sentido, o tema "Doces" não teria nenhuma informação relacionada a qualquer outro assunto que não doces. Ou seja, as crianças negam tudo o que não pertence ao conjunto "Doces". Esta ideia de negação é representada nos conjuntos formados (doces, mar, animais e horas) o que, segundo Dienes (1986), é uma das etapas da abstração.
Quando as crianças definem um tema, elas criam uma possibilidade de agrupamento. Neste sentido, o tema "Doces" não teria nenhuma informação relacionada a qualquer outro assunto que não doces. Ou seja, as crianças negam tudo o que não pertence ao conjunto "Doces". Esta ideia de negação é representada nos conjuntos formados (doces, mar, animais e horas) o que, segundo Dienes (1986), é uma das etapas da abstração.
Cada grupo formulou as regras dentro de um tema escolhido. Por exemplo:
a. Doces: a gelatina está derretendo, corra para comê-la e avance quatro casas.
b. Mar: você vê um tubarão. Perigo! Volte cinco casas.
c. Animais: você afofou a terra das minhocas, avance quatro casas.
d. Horas: são duas horas e você chegou atrasado na aula, volte três casas.
FIGURA 1- Regras criadas pelas crianças
No dia 05
de maio as crianças montaram o tabuleiro. Para tanto, fizeram cinco
desenhos, cada um correspondente a uma regra. Kamii (1985) chama a
atenção para esta correlação entre números de dois conjuntos diferentes,
no caso, conjunto de regras e conjunto de desenhos. Como eram cinco
crianças em cada grupo, foi combinado que cada criança elaboraria uma
regra. Então, quantas regras cada grupo faria? As próprias crianças
chegaram à conclusão de que eram 5. Bem, se cada regra deveria ser
ilustrada, quantas ilustrações deveriam ser feitas? Novamente, as
crianças chegaram à conclusão de que seriam cinco. Para organizar regras
e desenhos, as crianças assumiram a responsabilidade de, cada uma,
criar uma regra e ilustrá-la. Neste sentido, as próprias crianças
criaram os conjuntos de regras e de desenhos e fizeram a correspondência
entre eles.
No mesmo dia, os alunos confeccionaram os números das trilhas e colaram os pedaços de papel (cortados em quadrados ou círculos) formando a trilha. Foram coladas também as palavras "SAÍDA" e "CHEGADA".
No mesmo dia, os alunos confeccionaram os números das trilhas e colaram os pedaços de papel (cortados em quadrados ou círculos) formando a trilha. Foram coladas também as palavras "SAÍDA" e "CHEGADA".
FIGURA 2 - Desenhos que ilustram as regras do jogo.
FIGURA 3 - Montagem dos tabuleiros
No
dia 12 de maio as crianças preencheram a trilha com os números e
colocaram as palavras "SAÍDA" E "CHEGADA". Escreveram, primeiro, com
lápis e, depois, passaram uma caneta preta de ponta porosa por cima.
No dia 26 de maio, os alunos colaram as regras, os desenhos e o título.
FIGURA 4 - Crianças numerando as casas e escrevendo "SAÍDA" e "CHEGADA"
No dia 26 de maio, os alunos colaram as regras, os desenhos e o título.
As
crianças também levam o jogo para casa e jogam com suas famílias. São
colocados em caixas de papelão, apropriadas para carregar os tabuleiros e
confeccionadas também pelas crianças. No verso de cada tabuleiro são
colocadas as regras dos jogos para que a família aprenda a jogar.
FIGURA 5 - Jogos Prontos
FIGURA 6 - Destaque para as regras
REFERÊNCIAS
DIENES, Zoltan Paul. As seis etapas do processo de aprendizagem em matemática. São Paulo: EPU, 1986. 72 p.
Kamii, Constance. A criança e o número. Campinas: Papirus, 1985. 124 p.