quarta-feira, 7 de maio de 2014

Matemática no Cotidiano Escolar


Um programa matemático construtivista não pode ficar limitado às aulas de matemática por duas razões. Primeiro, a aritmética é aquilo que as crianças constroem a partir de suas experiências de vida real, e não algo que é colocado nas suas cabeças por meio do livro didático. Segundo, não é só durante as aulas de matemática que os professores devem acionar a atividade mental dos estudantes. Se quisermos que as crianças sejam mentalmente ativas durante as aulas de matemática, temos de estimulá-las a criar relações entre as coisas e a estar alertas e curiosas do começo ao fim do dia.
Linda Joseph






A partir do momento em que passei a acompanhar o Ciclo de Matemática durante o estágio e também a ler sobre Educação Matemática e Construtivismo, comecei a perceber com maior facilidade as diversas situações do cotidiano escolar que auxiliam no desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático nas crianças.

Seguem, abaixo, algumas situações observadas durante o estágio.



MEDICAMENTOS

Quando as crianças precisam tomar medicamentos, podem ajudar a contar as gotas ou os comprimidos/glóbulos.


NÚMERO DE FOLHAS DE PAPEL PARA ENXUGAR AS MÃOS

Muitas crianças tiram três ou quatro folhas de papel para enxugar as mãos no banheiro. Neste momento, intervir e orientar para pegar uma ou duas incentiva a criança a perceber o que é um, dois, três e quatro. Que três significa mais do que dois e do que um. Ajuda a entender o que é muito, pouco e o que está em excesso, sobrando.


MATERIAL ESCOLAR

Incentivar as crianças a agrupar ou contar o material escolar.

Da mesma forma, pedir que as crianças separem todos os lápis que estão sem ponta para apontá-los é uma tarefa de agrupamento, no caso de conjunção: lápis E com ponta.

A organização do material também auxilia na aquisição do raciocínio lógico-matemático. Por exemplo, pedir à criança para organizar o material no escaninho. Pedir que peguem todos os cadernos e deixem os dicionários. Solicitar que organizem pastas de plástico, uma para "Leitura" e outra para "Projetos".


JOGOS

Jogar e contar os pontos é uma forma de trabalhar com números que incentiva as crianças a contar porque elas querem ver quem está ganhando. No futebol na hora do recreio isso pode ser feito.

"Zerinho ou Um" ou "Par ou Ímpar" também são formas de aprendizagem matemática. No "Zerinho ou Um" a criança agrupa todos que colocaram o mesmo número. No "Par ou Ímpar" a criança percebe o que são números pares e ímpares e também conta os dedos para ver qual número saiu (abstração do conceito de número).


DINHEIRO

Deixar que a criança manipule o dinheiro da merenda e faça a compra sob a supervisão de um adulto é uma forma de incentivá-la a trabalhar com valores, soma e subtração.


ALIMENTOS

Observar a quantidade de alimento que a criança traz. Se ela não consegue comer tudo, orientar para falar com quem prepara o lanche para enviar menos comida no dia seguinte, ou uma fruta menor, etc. Da mesma forma, se ela ainda fica com fome, orientar para informar à família que o lanche não tem sido suficiente para matar a fome.


HORAS

Mostrar as horas no relógio para as crianças e falar que quando um número aparecer é hora do lanche ou do recreio é também uma forma de incentivá-las a identificar números e relacioná-los com a contagem do tempo.

Quando a turma não estiver colaborando com a execução das atividades ou cumprindo os combinados, pedir às crianças que vejam, no relógio, quantos minutos a turma demora para cooperar. Além de trabalhar Matemática, a cooperação também faz parte da formação moral da criança.

O "minuto de silêncio" também ajuda e é excelente para ser usado quando uma turma está muito agitada. As crianças são convidadas a esperar a mudança do número no relógio.


REFERÊNCIA


KAMII, Constante; JOSEPH, Linda Leslie. Crianças pequenas continuam reinventando a aritmética (séries iniciais): implicações da Teoria de Piaget. Porto Alegre: Artmed, 2005. 205 p.