sábado, 6 de setembro de 2014

Vamos Brincar?


Como estagiárias, percebemos que as crianças brincavam de forma violenta: “dar gravata” (enforcar), “dar carrinho” (usar os pés e as pernas para fazer o colega tropeçar), chutar, dar socos, puxar, falar palavrão e brigar constantemente durante jogos de futebol nos períodos entre as aulas. 

Este comportamento nos chamou muito a atenção e começamos a conversar com as crianças. Perguntávamos: 

— O que vocês estão fazendo? 

A resposta era sempre a mesma: 

— Estamos brincando. 

Não satisfeitas com esta resposta, comentávamos: 

— Mas isso não é brincadeira. Pode machucar. 

Mas as crianças insistiam: 

— É sim, olha só, ninguém se machuca, a gente está rindo, é brincadeira. A gente brinca assim mesmo. 

Obviamente, os casos de crianças machucadas são comuns na Escola. Muitas acabam levando socos e pontapés fortes, ficam com marcas vermelhas e roxas no corpo, caem no chão de dor. Não é incomum ver crianças chorando por causa deste tipo de brincadeira. 

Decidimos, então, intervir neste contexto. Começamos a perguntar para as crianças sobre outras brincadeiras mas elas raramente conseguiam relatar algo além de “Pique” ou “Esconde-Esconde”. 

Passamos, a levar alguns brinquedos e a propor brincadeiras em três momentos: durante o período de entrada das crianças (13:00 às 13:40h), durante o Recreio (13:40 às 14:10 h) e no período após a aula (18:10 às 19:00 h). 

Os primeiros brinquedos que levamos foram “elástico”, “peteca”. As primeiras brincadeiras que fizemos foram “Corre Cutia”, “Cama de Gato” e “Amarelinha”. Depois, completamos as brincadeiras com bolinhas de gude, corda, bilboquê, peteca (emprestada da Profa. Kátia, de Tai Chi Chuan) e Cinco Marias.


Peteca 





Cinco Marias




Cutia




Marcador para Amarelinha


Uma auxiliar montou uma caixa chamada "Brinquedos da Serra".





Percebemos que as brincadeiras violentas foram diminuindo e que houve uma maior aproximação entre as crianças e as auxiliares. Da mesma forma, as crianças começaram a brincar mais entre si, inclusive promovendo maior interação entre crianças com necessidades educacionais especiais.

Crianças jogando bolinha de gude



Infelizmente, durante o primeiro mês vários brinquedos foram perdidos: a peteca caiu em cima da cobertura da quadra; uma das bolinhas do bilboquê não foi encontrada. O mesmo aconteceu com o elástico e em duas semanas perdemos mais de 40 bolinhas de gude.

Em reunião com o Núcleo de Psicologia e com a Supervisão Pedagógica, decidimos repor os brinquedos e aproveitar a iniciativa da turma F1B para mobilizar a comunidade escolar para cuidar maios dos brinquedos, assim como ministrar uma oficina para fazer bilboquê de garrafa PET e receber doações de brinquedos.