quinta-feira, 19 de junho de 2014

Brinquedos: representação e função (1); raciocínio lógico-matemático

   


No brinquedo, o valor simbólico é a função.
Gilles Brougère
 

Nas salas de aula do Ensino Fundamental há momentos de brincadeira livre. Neste período, as crianças podem brincar com peças de montar, animais de plástico, objetos de uso cotidiano, etc.

As imagens retraram o momento em que as crianças estão brincando de fazenda com os brinquedos. Segundo Brougère (1997), a função proposta, nos brinquedos, está subordinada à representação. Ou, ainda, segundo o autor, a representação é a principal função dos brinquedos.

É possível observar isso nas fotos acima: as crianças estão representando uma fazenda, os cercados, os caminhos percorridos pelos animais. Ao representar uma fazenda, a função proposta (brincar de empilhar e encaixar, nomear os animais, diferenciar animais de fazenda de outros animais como os domésticos, etc.) não é a característica que se sobrepõe. A representação é a função principal.

É possível observar também as ideias descritas por Dienes (1986):
  • conjunção para os conjuntos de peças (animal E vermelho em um quadrado e animal E azul em outro);
  • disjunção (dos animais vermelhos, azuis, verdes, amarelos e brancos,  seguem para a fazenda os animais vermelhos OU azuis);
  • negação (verdes, brancos e amarelos não estão na fazenda);
  • implicação (se animal, então vermelho; se animal, então azul) para cada espaço da fazenda.

Kamii (1985, p. 53-55) fala sobre a importância do trabalho com conjuntos para a apropriação do conceito de número. Para a autora, a criança deve criar os conjuntos com os quais trabalha, mais do que apenas comparar conjuntos prontos, feitos por adultos. Além disso, ela destaca que o trabalho com conjuntos não pode ser puramente mecânico. É preciso observar se a criança está pensando sobre o número de objetos que há em cada conjunto. Sob esta ótica, não basta apenas que as crianças separem os objetos de cores diferentes, mas, para a apropriação do conceito de número, é preciso que as crianças estabeleçam relações numéricas (qual conjunto tem mais animais, se há mais vermelhos ou mais azuis, como o fazendeiro deve fazer para ter dois rebanhos com o mesmo número de animais, etc.).


REFERÊNCIAS

BROUGÈRE, Gilles. O brinquedo, objeto extremo. IN: ______. Brinquedo e cultura. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997. p. 11-24. 


DIENES, Zoltan Paul. As seis etapas do processo de aprendizagem em matemática. São Paulo: EPU, 1986. 72 p.

Kamii, Constance. A criança e o número. Campinas: Papirus, 1985. 124 p.